Até que ponto a gente consegue aguentar uma provação??
As vezes eu vejo coisas ruins acontecendo com pessoas próximas e penso que se fosse eu, já teria enlouquecido. Não tenho estrutura psicológica para dor e sofrimento.
Sou uma pessoa alegre, sabe. Mesmo com algumas adversidades eu consigo ver o lado bom das coisas e ser feliz.
Várias coisas nos aconteceram desde que decidimos sermos um para a eternidade e temos superado cada desafio. Mas, está ficando cada vez mais difícil levantar de cada provação com um sorriso no rosto e dizer que vai ficar tudo bem.
Depois de perder a Maria Flor, num aborto tardio de 21 semanas, engravidei novamente. Apenas um mês depois do parto. Claro que não foi planejado, nós pretendíamos esperar os quatro meses que o médico deu de prazo para uma nova gravidez, mas um descuido nosso e começamos a gerar a Maria Luíza.
Foi uma gravidez tranquila. Zero enjôos, estava sempre disposta e me alimentava super bem. Precisava apenas tomar alguns cuidados pois tenho a incompetencia instmo cervical, que é quando o colo do útero é curto e não aguenta o peso da bolsa.
Fiz uma cerclagem para fechar um pouquinho o colo do útero, repousei bastante e fiz tudo o que meu médico recomendou para que a gravidez fluísse bem e eu não corresse o risco de outro aborto.
Infelizmente as coisas não são como a gente quer que sejam.
As quatro da manhã do dia 18 deste mês entrei novamante em trabalho de parto e nossa menininha nasceu as seis e cinquenta da manhã.
Não ouvi nenhum chorinho, nenhum gritinho. Nada. O silêncio que imperava no quarto do hospital (sim, ela nasceu na cama do quarto, no meio dos lençóis, sozinha com a mamãe e o papai dela) foi quebrado pelo meu próprio choro.
O Rodrigo foi extremamente forte, ficou do meu lado o tempo todo me acalmando e tentando fazer eu parar de gritar. Mesmo com a própria filha sem vida ali diante dele e se manteve forte. Mas pra mim não deu.
Ver aquela princesinha caladinha com os olhinhos fechados na cama, ligada a mim ainda pelo cordão umbilical, me derrotou. Eu não podia fazer nada por ela. Minha Luíza ja tinha ido dali e só me restava ali seu corpinho frágil e pequeno.
Esperança é uma palavrinha que anda passando longe do meu vocabulário. Infelizmente.
Nada que me falem me conforta.
Talvez eu não tenha o direito de ter raiva, de sofrer, de praguejar, de chorar e de comer sem parar porque há pessoas neste mundo que sofrem mais do que eu, porque em tudo devo dar graças... Mas está dificil manter a calma e a compostura num momento como este. Está difícil ser otimista e pensar em eternidade agora que meu útero está vazio, meus seios cheios de leite e não tenho minha menina aqui pra amamentar e ninar. Então sinto que cheguei naquele ponto crítico em que nada mais faz sentido, no ponto crítico em que a mente não funciona mais direito e caminha para a insanidade. Estou lutando aqui dentro pra que eu não me afunde mais. Li e reli metas, fiz novas, estou perto da família, estou fazendo todo o possível para sair dessa com um sorriso no rosto como em todas as provações em que passei.
Quem sabe eu consiga sair dessa vitoriosa com mais uma lição aprendida na bagagem. Quem sabe.
No momento não sei dizer. Apenas que não está nada fácil.
quinta-feira, 21 de março de 2013
quinta-feira, 21 de março de 2013
Até que ponto
Até que ponto a gente consegue aguentar uma provação??
As vezes eu vejo coisas ruins acontecendo com pessoas próximas e penso que se fosse eu, já teria enlouquecido. Não tenho estrutura psicológica para dor e sofrimento.
Sou uma pessoa alegre, sabe. Mesmo com algumas adversidades eu consigo ver o lado bom das coisas e ser feliz.
Várias coisas nos aconteceram desde que decidimos sermos um para a eternidade e temos superado cada desafio. Mas, está ficando cada vez mais difícil levantar de cada provação com um sorriso no rosto e dizer que vai ficar tudo bem.
Depois de perder a Maria Flor, num aborto tardio de 21 semanas, engravidei novamente. Apenas um mês depois do parto. Claro que não foi planejado, nós pretendíamos esperar os quatro meses que o médico deu de prazo para uma nova gravidez, mas um descuido nosso e começamos a gerar a Maria Luíza.
Foi uma gravidez tranquila. Zero enjôos, estava sempre disposta e me alimentava super bem. Precisava apenas tomar alguns cuidados pois tenho a incompetencia instmo cervical, que é quando o colo do útero é curto e não aguenta o peso da bolsa.
Fiz uma cerclagem para fechar um pouquinho o colo do útero, repousei bastante e fiz tudo o que meu médico recomendou para que a gravidez fluísse bem e eu não corresse o risco de outro aborto.
Infelizmente as coisas não são como a gente quer que sejam.
As quatro da manhã do dia 18 deste mês entrei novamante em trabalho de parto e nossa menininha nasceu as seis e cinquenta da manhã.
Não ouvi nenhum chorinho, nenhum gritinho. Nada. O silêncio que imperava no quarto do hospital (sim, ela nasceu na cama do quarto, no meio dos lençóis, sozinha com a mamãe e o papai dela) foi quebrado pelo meu próprio choro.
O Rodrigo foi extremamente forte, ficou do meu lado o tempo todo me acalmando e tentando fazer eu parar de gritar. Mesmo com a própria filha sem vida ali diante dele e se manteve forte. Mas pra mim não deu.
Ver aquela princesinha caladinha com os olhinhos fechados na cama, ligada a mim ainda pelo cordão umbilical, me derrotou. Eu não podia fazer nada por ela. Minha Luíza ja tinha ido dali e só me restava ali seu corpinho frágil e pequeno.
Esperança é uma palavrinha que anda passando longe do meu vocabulário. Infelizmente.
Nada que me falem me conforta.
Talvez eu não tenha o direito de ter raiva, de sofrer, de praguejar, de chorar e de comer sem parar porque há pessoas neste mundo que sofrem mais do que eu, porque em tudo devo dar graças... Mas está dificil manter a calma e a compostura num momento como este. Está difícil ser otimista e pensar em eternidade agora que meu útero está vazio, meus seios cheios de leite e não tenho minha menina aqui pra amamentar e ninar. Então sinto que cheguei naquele ponto crítico em que nada mais faz sentido, no ponto crítico em que a mente não funciona mais direito e caminha para a insanidade. Estou lutando aqui dentro pra que eu não me afunde mais. Li e reli metas, fiz novas, estou perto da família, estou fazendo todo o possível para sair dessa com um sorriso no rosto como em todas as provações em que passei.
Quem sabe eu consiga sair dessa vitoriosa com mais uma lição aprendida na bagagem. Quem sabe.
No momento não sei dizer. Apenas que não está nada fácil.
As vezes eu vejo coisas ruins acontecendo com pessoas próximas e penso que se fosse eu, já teria enlouquecido. Não tenho estrutura psicológica para dor e sofrimento.
Sou uma pessoa alegre, sabe. Mesmo com algumas adversidades eu consigo ver o lado bom das coisas e ser feliz.
Várias coisas nos aconteceram desde que decidimos sermos um para a eternidade e temos superado cada desafio. Mas, está ficando cada vez mais difícil levantar de cada provação com um sorriso no rosto e dizer que vai ficar tudo bem.
Depois de perder a Maria Flor, num aborto tardio de 21 semanas, engravidei novamente. Apenas um mês depois do parto. Claro que não foi planejado, nós pretendíamos esperar os quatro meses que o médico deu de prazo para uma nova gravidez, mas um descuido nosso e começamos a gerar a Maria Luíza.
Foi uma gravidez tranquila. Zero enjôos, estava sempre disposta e me alimentava super bem. Precisava apenas tomar alguns cuidados pois tenho a incompetencia instmo cervical, que é quando o colo do útero é curto e não aguenta o peso da bolsa.
Fiz uma cerclagem para fechar um pouquinho o colo do útero, repousei bastante e fiz tudo o que meu médico recomendou para que a gravidez fluísse bem e eu não corresse o risco de outro aborto.
Infelizmente as coisas não são como a gente quer que sejam.
As quatro da manhã do dia 18 deste mês entrei novamante em trabalho de parto e nossa menininha nasceu as seis e cinquenta da manhã.
Não ouvi nenhum chorinho, nenhum gritinho. Nada. O silêncio que imperava no quarto do hospital (sim, ela nasceu na cama do quarto, no meio dos lençóis, sozinha com a mamãe e o papai dela) foi quebrado pelo meu próprio choro.
O Rodrigo foi extremamente forte, ficou do meu lado o tempo todo me acalmando e tentando fazer eu parar de gritar. Mesmo com a própria filha sem vida ali diante dele e se manteve forte. Mas pra mim não deu.
Ver aquela princesinha caladinha com os olhinhos fechados na cama, ligada a mim ainda pelo cordão umbilical, me derrotou. Eu não podia fazer nada por ela. Minha Luíza ja tinha ido dali e só me restava ali seu corpinho frágil e pequeno.
Esperança é uma palavrinha que anda passando longe do meu vocabulário. Infelizmente.
Nada que me falem me conforta.
Talvez eu não tenha o direito de ter raiva, de sofrer, de praguejar, de chorar e de comer sem parar porque há pessoas neste mundo que sofrem mais do que eu, porque em tudo devo dar graças... Mas está dificil manter a calma e a compostura num momento como este. Está difícil ser otimista e pensar em eternidade agora que meu útero está vazio, meus seios cheios de leite e não tenho minha menina aqui pra amamentar e ninar. Então sinto que cheguei naquele ponto crítico em que nada mais faz sentido, no ponto crítico em que a mente não funciona mais direito e caminha para a insanidade. Estou lutando aqui dentro pra que eu não me afunde mais. Li e reli metas, fiz novas, estou perto da família, estou fazendo todo o possível para sair dessa com um sorriso no rosto como em todas as provações em que passei.
Quem sabe eu consiga sair dessa vitoriosa com mais uma lição aprendida na bagagem. Quem sabe.
No momento não sei dizer. Apenas que não está nada fácil.